Roberto

Meu nome é Roberto e estou morto. Morri numa tarde laranjada de um 31 de dezembro, uma tarde infantil, em que o ar rodopiava em minha pele, bailando em direção ao infinito. Estava todo de branco, chegando para mais uma confraternização da empresa, e então a avistei. Meus olhos caíram no chão e o que me chegava era um quadro torto e desajeitado, cujo centro era seu joelho. Deixei minha esposa que desapareceu na escuridão da minha falta de perspectiva e fui ao seu encontro, o cenário tropeçando diante de mim. Seu vestido escarlate era uma chuva de sangue colorindo a realidade à minha volta. E eu só via seu joelho branco branco branco. Talvez ela nem fosse real. Mas era de tal modo verdadeira que eu seria incapaz de duvidar... Talvez fosse Deus. Talvez fosse O Deus. Não. Era O.E então um beijo, um milhão de palavras estropiadas, um segundo, um adeus, uma facada, um choque uma musica surda minha vida em curta metragem a festa os carros pessoas se juntando minha vista se sujando minha roupa tingindo de sangue que eu nem sabia que tinha... Um estado de torpor... Uma promessa não sei de onde para não sei quê... e... Amor...te.

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